O governo decidiu manter a entrega das propostas para o leilão do trem-bala para segunda-feira, dia 11, apesar da determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) de mudanças no edital e da ameaça de empresas de não apresentarem ofertas.
A informação é do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo. "A decisão é não mudar nada, está mantido", disse Figueiredo a jornalistas nesta sexta-feira ao sair de reunião no Ministério dos Transportes.
Entenda
O trem de alta velocidade (TAV), conhecido como trem-bala, é um projeto do governo federal que ligaria o Rio de Janeiro a Campinas, passando por São Paulo. A princípio, o trem seria usado para complementar a infraestrutura de transportes do País e ajudar na locomoção durante a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016. Contudo, após atrasos para elaboração do projeto, reclamações, tanto por parte do Ministério Público quanto de empresas privadas sobre a viabilidade do projeto, o governo já descarta a utilização da estrutura mesmo em 2016.
A primeira ideia do governo, apresentada em 2007 dentro das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), era de que a construção da linha do trem-bala começaria em 2008. O plano era que o trem saísse da Central do Brasil, no Rio, e passasse pela Estação da Luz, em São Paulo e chegasse ao aeroporto de Viracopos, em Campinas.
Em 2008 o governo federal já considerou a possibilidade de fazer a licitação para exploração da estrutura só no 1º semestre de 2009. Àquela altura, o trem-bala era orçado em US$ 9 bilhões.
Em 2009, o governo anunciou a intenção de incluir paradas para o trem-bala no trajeto entre o Rio e São Paulo. As estações seriam localizadas em Campinas, no aeroporto internacional de Guarulhos e em São José dos Campos. Nesta mesma época, a previsão era de que a concessão fosse realizada em setembro de 2009 e as obras começassem no segundo semestre de 2010.
No começo de 2010, depois de atrasos nos estudos sobre o traçado, a operação e os custos do trem-bala brasileiro, o Comitê Gestor do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estimou para o dia 2 de maio o leilão do projeto.
Em março, o governo anunciou planos de incluir extensões do projeto para Belo Horizonte e Curitiba. Em julho, mais um adiamento: a licitação ficou marcada para novembro.
Às vésperas da licitação, o projeto foi questionado pelo Ministério Público, que pediu a suspensão do processo. Um dos problemas apontados pelo órgão foi a imprecisão da estimativa de custos da implantação do trem, orçado em R$ 34 bilhões - aumento de 100% em comparação com a estimativa de custo de R$ 17 bilhões apresentada há três anos.
Segundo dados de um estudo de uma consultoria inglesa, encomendado pelo governo, a ligação entre Rio de Janeiro e São Paulo seria feita pelo trem-bala em 93 minutos. O trajeto de cerca de 511 km do projeto do TAV envolve as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro e velocidade máxima de 350 km/h.
O percurso atravessa terrenos com obstáculos naturais e vai exigir 91 km de túneis e 108 km de pontes. Segundo o BNDES, o TAV deverá transportar, inicialmente, 32 milhões de passageiros por ano e gerar receitas totais de mais de R$ 2 bilhões anuais. O prazo de implantação previsto é de seis anos e a tarifa máxima para o bilhete básico seria de R$ 246.
Fonte: TERRA